segunda-feira, 26 de maio de 2008

Entrevista


Tânia Oliveira tem 25 anos e trabalha na Aveiro TV desde a sua origem. Exerce a função de gestora de projectos de conteúdo, mas afirma que este projecto não é apenas dela, mas também de todos aqueles que “acreditam que somos responsáveis, à nossa medida, pelo nosso futuro colectivo”.


Como, quando e porquê surgiu este projecto?
TO- A Aveiro TV é um projecto que conta já com dois anos de existência. Criada em Junho de 2006, como um projecto de investigação da Senso Comum, inicialmente começou por ser uma plataforma gratuita de disponibilização de vídeo on-line que permitia aos seus utilizadores ver e partilhar vídeos.
Pelo seu caminho deu origem à Plataforma Castter (http://www.castter.com/). Hoje caminha no sentido de reunir conteúdos capazes de informar e divulgar a região e o que nela acontece aos vários níveis.


O Aveiro TV lançou o programa quinzenal "15 por 15", como é que o classificam enquanto formato? De que trata o programa? A que público-alvo se dirige?
TO- “15por15” é um programa quinzenal, gravado em estúdio e nos espaços da cidade, protagonizado pelas pessoas que fazem a cena cultural e empresarial do distrito de Aveiro com relevância nacional.
Dado a significativa actividade cultural e empresarial na cidade de Aveiro o “15por15” surge como a possibilidade ideal de agregar, dar maior visibilidade e registar as principais actividades da Região.
O público-alvo é constituído por pessoas culturalmente activas, de várias idades que usam a Internet como meio de obter informação sobre o aconteceu e o que vai acontecer no distrito de Aveiro.
Pretende ainda contribuir para a formação de públicos com hábitos culturais mais dinâmicos e diversificados.




Este projecto conta com a participação de quantas pessoas? Tem muito poucos recursos? É um projecto com pernas para andar, apesar de todas as contrariedades que possam surgir?
TO- Estão alocados a este projecto 5 recursos, sendo que para além deste projecto também se ocupam de outros também na área de conteúdos vídeo.
Este é um projecto totalmente suportado pela Senso Comum, queremos sensibilizar entidades para este projecto porque acreditamos que à capacidade de inovar se deve acrescentar a capacidade de motivar os actores de inovação.
Os actores, esses que não podem agir isoladamente, pelo contrário, só ultrapassarão fronteiras organizacionais partilhando recursos e promovendo a criação de uma massa crítica colectiva.


Como se sente ao ser responsável pelo Aveiro TV?
TO- Este não é um desafio apenas nosso. É um desafio que estendemos a todos quantos acreditam que somos responsáveis, à nossa medida, pelo nosso futuro colectivo.




Carolina Névoa

domingo, 11 de maio de 2008

O cidadão jornalista versus jornalista profissional

A Internet tornou-se num forte aliado da comunicação, pois veio revolucionar a maneira como se aborda a publicação e a transmissão de notícias e de informação. O aparecimento da Internet trouxe novos desafios e dilemas à comunicação.

Todas as ferramentas de tecnologia moderna que possuímos actualmente, não só a internet, mas também os telemóveis de 3ºgeração, os PDA’s, entre outros, permitem a qualquer pessoa, recolher, interpretar, analisar e publicar informação, à semelhança do trabalho já desenvolvido pelos jornalistas profissionais.


Esta situação possibilita e facilita o surgimento dos denominados jornalistas cidadãos, que produzem, interpretam e divulgam informações através das novas tecnologias. Portanto com este pequeno trabalho de investigação proponho-me a analisar o jornalismo cidadão, que assume cada vez mais um papel preponderante na recolha e na divulgação de informação. Bem como, os diferentes pontos de vista de vários autores que abordam esta temática actual e extremamente controversa.


Apesar de não haver uma data fixa para o aparecimento do jornalismo cidadão, a Wikipédia cita que o movimento começou a ser esboçado após as eleições presidenciais de 1988 nos EUA, em virtude do desapontamento popular com a forma como as eleições tinham sido conduzidas pela imprensa tradicional. No entanto o grande boom do jornalismo cidadão surge há pouco tempo.

Tragédias como o 11 de Setembro nos EUA, possibilitaram que um simples cidadão captasse imagens com um telemóvel e as divulgasse. Mas será isto jornalismo profissional? Ou por outro lado, uma forma independente e sem regras de passar a informação?


De acordo com a wikipédia, o jornalismo cidadão “é uma ideia de jornalismo na qual o conteúdo (texto + imagem + som + vídeo) é produzido por cidadãos sem formação jornalística, em colaboração com jornalistas profissionais”, é ainda segundo Bowman e Willis “o acto de os cidadãos terem um papel activo no processo de recolha, reportagem, análise e disseminação de notícias de informação”.


Com estas definições conseguimos constatar que o jornalismo de cidadão é feito por cidadãos sem formação, que com o surgimento das novas tecnologias tiveram a liberdade de se tornarem em cidadãos mais participativos na sociedade e no jornalismo. Segundo a wikipédia para os activistas desta prática, o jornalismo cidadão é uma oportunidade de democratizar a informação, pois qualquer pessoa teria acesso aos media, não apenas como leitor ou espectador, mas na produção do material veiculado.


Uma revolução, que aponta para uma época em que o leitor, telespectador ou ouvinte deixa de apenas receber informação, para ser também parte activa na sua produção e divulgação. Sergio Denicoli dos Santos, autor de “O novo media na imprensa: as notícias sobre a Internet no jornal Público” acha completamente desapropriado este self-made do cidadão: “Será esse o futuro do jornalismo? Um emaranhado de informações disponibilizado em rede, feito com base em fontes diversas, credíveis ou não, ao sabor das convenções próprias de cada usuário?”


Por outro lado, Dan Guilmor, jornalista e autor do livro “We the Media” acredita que, cada vez mais, o público vai-se tornar parte integrante do processo de construção das notícias, mas não considera tal uma ameaça. Para Guilmor, o jornalismo cidadão não vai substituir o lugar dos jornalistas profissionais.


Da mesma opinião são, Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Tadde, autores do livro “Jornalismo Cidadão -Você faz a notícia” que defendem que a nova realidade dos jornalistas cidadãos não exclui a produção dos jornalistas profissionais, mas “acrescenta a ela a contribuição de cidadãos jornalistas, leigos que são testemunhas de fatos importantes, gente que está no lugar certo e na hora certa para cobrir um evento”.


O jornalismo cidadão é sem dúvida um assunto polémico e controverso, que tem gerado muitas discussões, em grande parte devido a ética jornalística de tudo que é produzido sem regras e técnicas jornalísticas, bem como a veracidade das fontes. Sergio Denicoli dos Santos questiona a “credibilidade da informação retirada da Internet”, bem como o “trabalho realizado pelos jornalistas cidadãos”.


No entanto afirma que “cabe às empresas e aos profissionais focados na ética e na boa prática do jornalismo encontrarem um espaço distinto que permita garantir a credibilidade necessária para a boa divulgação e análise dos acontecimentos.”
Então o que esperar deste novo jornalismo? Será uma ameaça? Ou uma mais-valia para o jornalismo e jornalistas profissionais?


Esta resposta é muito difícil de obter, pois como podemos ver as opiniões dividem-se e não se sabe ao certo quem estará correcto, no entanto posso afirmar que sem dúvida nenhuma o jornalismo cidadão é um dos fenómenos mais interessantes e importantes da Internet, no entanto tenho uma opinião bem vincada sobre esta temática.


Não, não sou apologista deste dito jornalismo, um jornalismo sem códigos de conduta, sem ética, sem técnicas jornalísticas. Claro que existem muitas pessoas que tem imenso talento para serem jornalistas (mais do que alguns jornalistas profissionais) mas tal não basta. É preciso estudar, aprender e praticar para além de todo o talento que se possa ter.


Carolina Névoa


Bibliografia:

Leituras de capítulos:

Jorge Pedro Sousa e Inês Aroso (2003), Princípios de radiojornalismo, telejornalismo e jornalismo online, Técnicas jornalísticas nos meios electrónicos (pp.161-167). Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa.

Anabela Gradim (2000), Estudos em Comunicação: o jornalismo digital, Fazer jornalismo para o novo Médium, Manual do Jornalismo, (pp.178-189). Universidade de Beira Interior.

Sara Meireles Graça, (2006), Colecção Comunicação, Os jornalistas portugueses, dos problemas de inserção aos novos dilemas profissionais, (pp.106-123). Minerva Coimbra.


Leituras Online:

Gillmor, Dan (2006), we the Media: Grassroots Journalism by the People, for the People / Google book search
URL:http://books.google.com.br/books?id=Dgfufx9H1BcC&printsec=frontcover&dq=dan+gillmor&sig=QGoRoRfp41QPFsiLbXcjbPO_x9M (Data de consulta: Abril de 2008)

Romano Taddei, Roberto (2008), blog do jornalista e escritor de São Paulo.
URL: <http://networkjornalismo.blogspot.com/2005/08/jornalismo-cidado.html>
(Data de Consulta: Abril de 2008

Carmen Foschini, Ana e Romano Taddei, Roberto (2007), Jornalismo Cidadão.
URL:<http://www.terra.com.br/informatica/pdfs/conquiste_a_rede_jornalismo_cidadao.pdf>
(Data de Consulta: Abril de 2008)

Pereira, João Pedro, (2004), blog do jornalista do Público.
URL :< http://www.jppereira.com/engrenagem/?s=jornalismo+cidad%E3>
(Data de consulta: Abril de 2008)